O que temos nas redes sociais? Pessoas felizes, com uma vida tranquila, sem problemas, negócios fluindo em uma escala inacreditável, produtos a venda que realizam verdadeiros “milagres”, todo tipo de solução “mágica” para todos os problemas…
Pessoas e empresas dedicam-se, entregam-se de corpo e alma para divulgar seus serviços e produtos nas redes sociais, atualmente, na rede social do “beautiful people”. Mas… quem ganha realmente com isso tudo? Pode ter a certeza de que não são as pessoas ou empresas que investem tempo e até dinheiro nessa preguiçosa e burra modalidade de divulgação. A sensação de que “está vendendo”, “muitos likes”, “muitos seguidores”, “muitos cliques”, “muitas visitas” é apenas uma simples armadilha do algoritmo das redes sociais (denominaremos assim). Uma engenharia social bem estratégica para as pessoas e empresas continuem “alimentando” o algoritmo com mais pessoas, mais informações, mais preferências pessoais para que o círculo vicioso não pare.
A sensação de que “estou vendendo nas redes sociais”, “estou encontrando o público que consome meu produto”, com estatísticas (fornecidas pela própria rede social) consegue entregar uma zona de conforto fantástica. Simplesmente o cérebro aceita aquilo como “estou fazendo da maneira correta”, COMO TODO MUNDO FAZ, e temos o perfeito hamster na roda.
TRÊS DURAS VERDADES SOBRE AS REDES SOCIAIS
Ronald J. Deibert é professor de ciência política da Universidade de Toronto, onde dirige o Citizen Lab da Munk School of Global Affairs and Public Policy. Entre suas obras está o livro “Black Code: Surveillance, Privacy, and the Dark Side of the Internet” [Código negro: vigilância, privacidade e o lado sombrio da internet] (2013). O professor Ronald cita com muita propriedade as três duras verdades sobre as redes sociais:
- O modelo de negócio das redes sociais está baseado na vigilância profunda e incansável dos dados pessoais dos consumidores para direcionar publicidade;
- As pessoas, voluntária e conscientemente, toleram esse nível desconcertante de vigilância;
- As redes sociais não apenas não são incompatíveis com o autoritarismo como, na prática, estão se mostrando uma de suas ferramentas mais efetivas.
VÍCIO
As redes sociais nos estimulam de uma maneira poderosamente subconsciente e hormonal. Afetam o cérebro humano da mesma forma que uma nova paixão. Níveis de ocitocina (também denominado de “o hormônio do amor”) chegam a aumentar 13% quando as pessoas usam as redes sociais por apenas dez minutos. As pessoas viciadas em redes sociais “apresentam sintomas similares àqueles de indivíduos que sofrem de dependência química ou outros comportamentos” (como síndrome de abstinência, recaída e alteração de humor).
Creio que não seja muito interessante descrever nosso desejo de acessar as redes sociais como consciente quando essa escolha possui as mesmas propriedades de um vício.
Necessidade de Inovações Tecnológicas
Sim, precisamos de inovações tecnológicas que ampliem os meios de comunicação distribuídos para além das plataformas altamente centralizadas, intensamente vigiadas e facilmente instrumentalizadas pelos gigantes das redes sociais. O objetivo deveria ser preservar os grandes progressos que fizemos para conectar as pessoas umas às outras, permitindo-as acessar vastos depósitos de informações rapidamente de qualquer lugar do planeta, mas sem fazê-las ceder a seus instintos mais básicos.
É um enorme desafio, mas precisamos evitar uma resignação fatalista ao mundo perigoso e tóxico da vigilância dos dados pessoais.
Abram os olhos, liberem suas mentes, antes que seja tarde demais. Forte abraço, até a próxima.